Era nipote di africani arrivati in catene a Bahia. Il sindaco si inchinava di fronte a lei, il presidente le chiedeva consiglio, la zecca di stato forgiava una moneta con la sua faccia, il suo sorriso girava il Brasile su un francobollo. Era una sacerdotessa di candomblé. “Una donna, negra, brasiliana”, diceva di sé Mãe Menininha do Gantois. Nel centenario della sua nascita, quando già da qualche anno aveva lasciato questo mondo, la festa fu grande nel suo terreiro. C’erano tutte le personalità della città, la comunità di culto, le sue figlie. Lo scrittore Jorge Amado e il pittore Carybé stringevano le mani della figlia in un’unica corrente. Scattai questa foto. Le autorità cittadine si stringevano attorno alle sue discendenti, Jorge si alzò e mi prese da parte, voleva essere certo che non mi perdessi la scena: “Guarda, il governatore bacia la mano alla nipote di una schiava: succede solo qui a Bahia.” Erano tempi in cui intellettuali e studiosi venivano in Brasile a studiare la religione portata dall’Africa, in cui Caetano Veloso cantava “Beleza pura” in cui Gilberto Gil produceva il primo disco del gruppo afro-baiano Ilé Ayè, e il nome del dio supremo yoruba risuonava per la prima volta nella piazza del Pelourinho, Olodum, per prender forma di tamburo, di mutlietnico corpo danzante dalle mille gambe, di banda musicale capace di far diventar negro persino il bianco Michael Jackson, che proprio quei tamburi riafricanizzarono nella storica piazza bagnata dal sangue degli schiavi, proprio qui torturati al tronco del supplizio. Tronco che è sparito, sangue che è stato lavato, schiavitù che è stata abolita, 134 anni fa. E sembra ieri, sembra oggi, nel Brasile che non ha ancora saputo assicurare alla giustizia i mandanti dell’assassinio di Marielle Franco, in cui muore assassinato un afro-discendente ogni 23 minuti, dove il razzismo è stato eletto a governare, ignoranza e ingiustizia a spadroneggiare. E che oggi, in ricordo del 13 maggio del 1888, voglio invece immaginare genuflesso, ammirato e festante, come la città di Salvador al cospetto della Regina del terreiro, di fronte al contributo dato dagli africani alla costruzione di questo paese, alla formazione di una identità che ha preso forma proprio attorno a quei semi, germogliati in dolore e gloria, custoditi nelle stive delle navi negriere. Axé Brasil! (Fotografia (C) Patrizia Giancotti.)
ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA no Brasil: Jorge Amado, Carybé e a Rainha da Bahia.
Era neta de africanos que cheg aram à Bahia acorrentados. O prefeito fez uma reverência para ela, o presidente pediu conselhos, a casa da moeda do estado forjou uma moeda com seu rosto, seu sorriso transformou o Brasil em um selo postal. Ela era uma sacerdotisa do Candomblé. “Uma mulher, negra, brasileira”, como disse Mãe Menininha do Gantois de si mesma.
No centenário de seu nascimento, quando já havia deixado este mundo há alguns anos, a festa foi grande em seu terreiro. Lá estavam todas as personalidades da cidade, a comunidade de culto, suas filhas. O escritor Jorge Amado e o pintor Carybé seguravam as mãos da filha em uma única corrente. Ajoelhada, eu tirei essa foto. As autoridades da cidade se reuniram em torno de seus descendentes, Jorge se levantou e me chamou de lado, queria ter certeza de que eu não perderia a cena: “Olha, o governador beija a mão da sobrinha de um escravo: isso só acontece aqui na Bahia.”
Eram tempos em que intelectuais e estudiosos vinham ao Brasil estudar a religião trazida da África, em que Caetano Veloso cantava “Beleza pura” em que Gilberto Gil produzia o primeiro disco do grupo afro-baiano Ilé Ayè, e o nome do supremo Deus iorubá ressoou pela primeira vez na praça do Pelourinho, Olodum, em forma de tambor, um corpo multiétnico dançante de mil pernas, uma banda musical capaz de transformar até o branco Michael Jackson em um homem negro, que re-africanizou aqueles tambores na histórica praça molhada do sangue dos escravos, torturados aqui mesmo no tronco da tortura.
Tronco que desapareceu, sangue que foi lavado, escravidão que foi abolida, há 134 anos.
E parece que foi ontem, parece hoje, no Brasil que ainda não conseguiu levar à justiça os instigadores do assassinato de MARIELLE FRANCO no qual um afrodescendente é assassinado a cada 23 minutos, onde o racismo foi eleito para reinar, ignorância e injustiça para mandar. E que hoje, em memória de 13 de maio de 1888, quero imaginar ao invés ajoelhado, admirado e regozijado, como a cidade de Salvador na presença da Rainha do Terreiro, diante da contribuição dos africanos para a construção deste país, à formação de uma identidade que se formou precisamente em torno dessas sementes, germinadas na dor e na glória, guardadas nos porões dos navios negreiros. Axe Brasil! (C.fotografia Patrizia Giancotti)